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Zootecnia Tropical 23(3):319-325. 2005 Efeito
do hormônio 17-a-metil-testosterona
nos índice Rodrigo Diana Navarro,
Oswaldo
Pinto Ribeiro Filho1,
George Shigueki Yasui, Depto.
de Biologia Animal |
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Resumo Objetivou-se
por meio deste trabalho avaliar o efeito do andrógeno 17-a-testosterona
nos índices morfométricos de rãs-touro. Foram utilizados 120 animais
com biomassa final de 42,05 ± 0,528 g e estes foram alimentados ad
libitum com ração comercial contendo 44 % de PB o qual foi
incorporado o andrógeno em diferentes concentrações T1-0mg/kg,
T2-20mg/kg, T3- 40mg/kg, T4-60mg/kg. O índice hepatossomático foi
calculado pela fórmula IHS = Wf/WT, onde Wf= peso do fígado e Wt =
peso total e o índice lipo-somáticos ILS=WL/Wt, onde Wl= gordura celomática.
Observou que não houve efeito do hormônio nos índices hepatossomático
e lipossomático. Palavras-chave:
Rã touro; hormônios; ranicultura; desempenho. Effect
of hormone 17 the metil - testosterone on the index SUMMARY The aim of this article was to evaluate the effects of 17-a-methyl-testosterone on some morphometric indexes in bullfrog (Rana catesbeiana). For that purpose, 120 animals with an initial weigth of 42.052 ± 0.528 g were distributed in four 1,54m2 confinements, and fed “ad libitum” with rations containing 44% of crude protein and incorporated with different concentration of the androgen: 0, 20, 40, and 60 mg/kg, respectively. The hepato-somatic index was calculated using the relation HSI = Wf/WT, where Wf was liver weight and Wt was total weight, and the lipo-somatic index was calculated by the expression LSI = WL/Wt, where Wl was visceral fat. It was observed that the hormone did not have an effect in the hepatossomátic and lipossomátic indexes. Key words: Bullfrog, hormones, morphometric index, frog culture, performance. Introdução A
rã-touro apresenta características zootécnicas desejáveis ou favoráveis
ao seu uso em aqüicultura, como bons índices de crescimento, conversão
alimentar e alta qualidade da carne, e conseqüentemente, grande aceitação
no mercado. Na aqüicultura, há a
utilização de sistemas intensivos com objetivo de produzir uma grande
quantidade de animais, em um intervalo reduzido, e, se possível, com
uma quantidade mínima de gastos referentes à alimentação e demais
insumos. A redução do tempo de engorda e o conseqüente aumento do número
de ciclos por ano pode aumentar a lucratividade dos empreendimentos em
ranicultura. Isto é possível com a utilização de aditivos que possam
incrementar o crescimento somático, podendo contribuir, para maiores
rendimentos zootécnicos. O uso de hormônios
anabolizantes proporciona uma maior deposição de proteína na carcaça
de várias espécies de animais e reduz a deposição de gordura. Isto
ocorre, pois os anabolizantes, principalmente a testosterona, aumentam a
retenção de nitrogênio, em especial, aumentam a retenção do nitrogênio
protéico e não protéico presente nos alimentos e sua subseqüente
transformação em proteína, particularmente nos músculo esquelético
(Rosa e Dode, 1986). Os anabolizantes de
interesses zootécnicos podem ser classificados de acordo com a sua
origem em dois grupos: compostos naturais ou sintéticos. São chamados
de agentes anabolizantes naturais, esteróides naturais ou compostos
naturais os anabolizantes endógenos, isto é, que existem nos organismo
dos animais. De fato, tanto macho como fêmea produzem testosterona, 17-β-estradiol
e progesterona, embora façam em quantidades diferenciadas em função
do sexo. Lundstedt e Leonhardt (1997)
trabalhando com tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus), verificaram incremento em altura e ganho de peso,
utilizando-se rações com o hormônio sintético 17-a-metil-testosterona,
o que aumentou o percentual de tecido muscular, e conseqüentemente, no
rendimento em filés. Já
(Silva e Klein, 2000), também trabalhando com tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus) e com hormônio 17-a-metil-testosterona
observou um aumento de altura nos animais que receberam 40 mg de andrôgeno
a partir do 45 dias de experimento. Yamazaki (1976) afirma que a
efetividade do tratamento com esteróides sexuais depende da sua
administração em doses e tempos ideais, conforme observado com andrógeno
17-a-metil-testosterona,
que, além de acelerar o processo da espermatogênese, também acelerou
o anabolismo protéico e o incremento em biomassa. Agostinho et al. (2001) afirmam o uso de esteróides sexuais vem sendo
realizado em anfíbio desde a década de 30, o uso destes tem sido
realizado de diferentes formas: injeção de estrógeno; imersão em
solução aquosa de estrógeno; injeção de benzoato de estradiol, ou
ainda pela implantação intraperitoneal de tubos com estradiol De acordo com Costa (1991),
a variação da alimentação como também de hormônios sexuais reflete
no índice hepatossomático para animais adultos de rã touro,
principalmente no período de reprodução, pois o fígado sintetiza e
secreta o precursor das proteínas do vitelo, a vitelogenina, que é o
transporte até as gônadas via corrente sangüínea, para participação
da formação das gônadas. A atividade metabólica implica na utilização
de nutrientes obtidos a partir do alimento ingerido e de reservas energéticas
depositadas em diferentes partes do organismo. Portanto é possível
esperar que o peso do fígado, provavelmente, reflita este metabolismo.
Os corpos gordurosos são umas fontes importante de energia para
serem veiculadas em etapas de maior carência desses nutrientes, como as
épocas precedentes à época reprodutiva, quando há um grande dispêndio
energético para a maturação gonadal e para adequação das outras
estruturas necessárias ao ato reprodutivo. Em vista de tais observações,
e verificando-se que têm sido encontrados na literatura relatos
referentes apenas de inversão sexual, nutrição animal e comportamento
reprodutivo, faz-se necessário o conhecimento da utilização de andrógeno
nos parâmetros morfométricos de rã touro. Objetivou-se determinar o
efeito de três dosagens hormônio 17-a-metil-testosterona
nos parâmetros morfométricos de rã touro. Material e Método O
experimento foi realizado no Ranário Experimental do Departamento de
Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa, no período de 07 de
Maio de 2002 a 10 de agosto de 2002. Foram utilizados 160 animais
com biomassa inicial 42,05 ± 0,529 g, individualmente marcados (Martof,
1953) e distribuídos em 4 baias de alvenaria climatizadas com 1,54 m2,
com temperatura de 25,1± 1°C. A alimentação foi
ministrada duas vezes ao dia, uma às 8:00, e a outra às 17:00, em
quantidade suficiente para a saciedade dos animais. Utilizou-se uma ração
comercial para peixes carnívoros, contendo 44% de PB. À esta ração,
foi incorporada o andrógeno em diferentes concentrações: T1: 0, T2:
20, T3: 40 e T4: 60 mg/kg, respectivamente. Para a incorporação do
hormônio à ração, foram utilizados 250 ml de álcool etílico
adicionado a um recipiente vítreo de 500 ml, onde foram solubilizados
as respectivas quantidades hormonais, e assim imediatamente adicionadas
a 1 kg de ração extrusada de granulometria 5 mm. Posteriormente, mais
50 ml de álcool foram adicionados ao becker e adicionados à ração,
evitando, deste modo, que existisse resíduos de hormônios no interior
do becker. Após um período de 30 horas em temperatura ambiente e em um
recinto sombreado e ventilado, e verificada a volatilização total do
álcool etílico, as rações foram estocadas em sacos plásticos
individualizados, e mantidas sob refrigeração. A cada 30 dias foram
sacrificados 10 animais ao acaso de cada tratamento e coletados dados de
peso de fígado e gordura celomática e peso das vísceras para realizar
levantamentos biométricos. O índice hepato-somático
foi calculado através desta formula IHS = Wf/WT, onde Wf = peso do fígado
e Wt = peso total e o índice lipo-somáticos ILS = WL/Wt, onde Wl =
gordura celomática. Os
resultados foram descritos estatisticamente e foi realizada análise de
regressão com auxílio do programa SAEG (UFV, 1983). Resultados e Discussão Aos 30 dias e 60 dias, rã
touro tratadas com 17-a-metil
testosterona não
apresentou efeito significativo, já aos 90 dias o índice hepatossomático
obteve efeito quadrático de acordo com a equação Y= 4,598 – 0,028x +
0,000806x2, R2 = 0,97
(Quadro 1). Esse aumento de peso do fígado é devido a este ser o
principal órgão responsável pelo processo do metabolismo de esteróide
(Stabenfeldt, 1993). Aos 30 dias e 60 dias, rã touro tratadas com 17-a-metil
testosterona apresentou efeito quadrático no índice lipossomático de
acordo com as equações y
= 5,44 – 0,0246x + 0,000046x2, R2 = 0,97; y =
6,47 – 0,0296x + 0,0004x2, R2 = 0,60, já aos 90
dias não apresentou diferença significativa (Quadro 1). Segundo (Costa, 1991), o
comportamento geral do índice hepatossomático foi semelhante tanto
para macho quanto para fêmeas, sugerindo participação do fígado no
processo de maturação e no ciclo reprodutivo. Para fêmeas, este fato
é mais evidente pelo comportamento inverso do IHS em relação IGS
observado por (Ribeiro Filho, 1999). Não se observou efeito da
taxa de sobrevivência que foi de 94% para tratamento 1, 96 % para
tratamento 2, 100% para tratamento 3 e
98 % para tratamento 4, que correspondeu em média de 97%. Para rã touro o índice
lipossomático sofre flutuações durante todo período reprodutivo, por
exemplo, as fêmeas sofrem maiores flutuações nos meses de setembro a
fevereiro (Costa, 1991). Essa
variação é devida o fato que da participação dos corpos gordurosos,
tanto no processo de maturação das gônadas quanto ao longo do ciclo
reprodutivo. Jorjensen et al. (1986) afirma que os corpos gordurosos têm funções
diferenciadas entre as espécies de zonas temperadas e aquelas de zona
tropicais, sendo nesta mais relacionado com desenvolvimento do ovário.
Nas espécies de clima temperado ocorre um ciclo padrão, que está
fortemente correlacionado com a disponibilidade de alimento em cada época
ou para manutenção do animal no período de hibernação. (Agostinho et al., 2001), não observou diferença significativa entre o índice
lipossomático, o mesmo observado para o presente trabalho, onde os
tratamentos com hormônio 17-a-metil-testosterona
apresentou um maior depósito de gordura em relação aos animais que não
receberam a dose hormonal. Conclui-se que a rã touro alimentada com do hormônio 17-α-metil-testosterona
na ração, apresentou efeito quadrático para Índice lipossomático e
efeito linear para Índice hepatossomático.
BIBLIOGRAFÍA Agostinho
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Desempenho e avaliação
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Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. pp. 259 - 273. |
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